Engraçado tentar se achar na confusão,e se perder com a certeza.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Não há lugar para o sensível. O sensível não sabe como se proteger. O mundo contemporâneo é lugar de defesa, tempos vaporosos, auto-preservação. Imagem. Não a chançe para sua sobrevivência. O lugar do sensível é desamparado, porque o sensível é vulnerável, o sensível só deseja e existe no vulnerável. O sensível não conhece a medida das coisas, quando todas tem potencial de universo. Não há limites para o espaço sensível, posto que não existem fronteiras entre ele e todas as coisas. Vulnerável. Como poderia eu me abster de você, de uma entrega, de um cuidado. Como poderia eu não acrescentar dor e laço a todas as relações. Como poderia eu não querer pegar seu telefone, te ligar, te conhecer pra além do corpo? Me misturar um pouquinho, me machucar. Viver o ciclo arriscado do amor que nasce, cresce, e morre como tudo perfeito na natureza. Como poderia eu me proteger de algo tão magnífico? Como poderia eu amar em verdade, senão desta forma? Haveria como optar apenas por meias-coisas de amor? Não seria amor. Eu preciso do contato familiar em nós, do amor mamífero. Na raíz instintiva da entrega. Eu preciso do voo que também é abismo. Eu preciso saber cair para ter asas. Dispa-se agora como eu me despi, dê-se a coragem do amor. Sensível, humano, natural, vulnerável, como estar nú 24 horas por dia.